sábado, 17 de fevereiro de 2007

Inimigos


Tenho alguns inimigos aqui em Valência, para ser mais preciso, dentro da minha própria casa. Os meus inimigos são o arroz e a máquina de lavar roupa. A máquina não gosta de mim, o arroz fala mal de mim nas costas e odeio cinismos. Não se faz a ninguém o que o arroz me faz. Ele diz - "tudo bem, cozinha-me que eu fico bem feito para ti, mesmo no ponto". Eu acredito nele. Mas a panela já me disse que cada vez que páro de mexer o arroz e me volto para trás para buscar o sal, o arroz começa a dizer que para além de não saber mexê-lo como deve ser, também não sei ver quantidades. Quer dizer, à minha frente diz umas coisas, nas costas diz outras. Assim não dá. Depois uma coisa que o arroz faz é que cada vez que lhe ponho sal começa a brincar com a àgua, chapinha na àgua e deita-a para fora da panela. E faz isto só para me chatear, porque ele sabe que sem àgua vai se queimar, e o imbecil sabe que odeio arroz queimado, mas é sempre queimado que o como. Porque ele odeia-me, maldito arroz. Assim considero-o um inimigo e espero não o voltar a encontrar na cozinha, só no prato.
Como se não bastasse ter um inimigo alimentar, tenho um grande problema em me relacionar devidamente com a máquina de lavar roupa... ela odeia-me, eu vejo como me olha de lado. Eu tento, eu juro que tento ser meigo. Tento sempre pôr produtos do melhor que há, escolher o melhor programa, o melhor amaciador, tudo. Apenas não fomos feitos um para o outro. Apesar de saber que preciso dela para sair à rua em condições não consigo olhá-la com carinho. O seu olhar assusta-me e evito lidar com ela o mais possível.

2 comentários:

Anónimo disse...

agora que já te ensinei o truque para conseguires conquistar o arroz espero que se tornem grandes amigos!

Papoila disse...

e o processo de passar a ferro como está???
ehehehehehe